Friday, October 16, 2015

A sombra

 Todos temos uma sombra. Se calhar, a maioria de nós não se apercebe da mesma, mas eu sinto-a bem presente dentro de mim. Esta sombra é como um véu que cobre a luz, a alegria, a liberdade e o amor que há dentro de mim. Mas já não a tapa. Agora, pelo menos sei que ela está lá, enfraquecida pela sombra, mas está lá. 
 Essa sombra é como uma força que nos divide o ser. Não creio que seja natural, mas fabricada no dealbar desta humanidade para cumprir um propósito. Estando divididos dentro de nós, também o estaremos fora. Basicamente, é por isto que passa a estratégia dividir para reinar, e quem reina conhece-a muito bem, pois já a pratica há milénios. È como se fosse um programa que nos limita a vida e nos torna autómatos de quem manda. Nesta sombra cabe quase tudo o que há de negativo. Medos de toda a espécie. Medo da morte, o maior deles todos, medo da rejeição e tantos outros manipulam a nossa percepção da realidade. Assim, vivemos contra os outros, nunca com os outros. A Divisão é alimentada por mil e uma merdas que julgamos, definem a nossa identidade, mas que em vez disso só nos aprisionam na sombra. Religião, nação, família, raça, tribo, facção, seita, a história humana é um eterno conto de horrores alimentado pela ilusão da divisão. O outro é o inimigo, mas o verdadeiro inimigo está dentro de mim. Subtil, sorrateiro, disfarça-se e faz-se passar por mim. Assim, vivo sempre em tensão, em conflito, porque estou dividido. È impossível ter paz, quando procuramos fora, o inimigo que temos dentro.
 Como superar isto? Não sei. Ainda estou na fase de o reconhecer. Uma coisa eu sei. Enquanto, nós pessoas, não o reconhecermos e não o superarmos, nunca haverá paz interior. Só depois desta ser conquistada por todos, a mesma de manifestará no exterior das nossas vidas.

Thursday, October 08, 2015

A Tasca, o Regresso com...Legislativas 2015

 Pois é. Depois de tantos anos de um mutismo ensurdecedor que abalou profundamente o mundo da blogosfera, e por que não dizê-lo, o mundo em geral, A Tasca, regressa ás postas para falar da atualidade premente em Portugal. Depois dos Portugueses, esse povo masoquista, que esgotou todas as edições das 50 sombras de Grey, terem escolhido dar a vitória ao chicote revigorante da Coligação PSD-CDS, o país está mergulhado em mais dúvidas do que certezas. A Coligação ganhou, é certo, mas em minoria. O PS, apesar da derrota, tem a faca e o queijo na mão, a não ser que sejam mariquinhas, O Bloco encheu o peito e até os cinzentões dos Comunas já admitem talvez viabilizar uma espécie de entendimento mais á esquerda.
 Vamos aos cenários portantos:

  Cenário 1: ( Been there, Done That)

 Coligação governa em minoria, com entendimentos pontuais do PS. Este cenário, que para mim é o mais provável, vai resultar no desgaste da Coligação, com o PS a cavalgar para a vitória com possível maioria absoluta em eleições antecipadas provocadas por uma moção de censura do PS, Bloco, CDU e PAN( Não nos esqueçamos destes que também lá estão) a uma treta qualquer sobre austeridade.

  Cenário 2: ( Todos Juntos, Todos Juuuntos)

 Levados por um sentimento bacoco de patriotismo, com pedidos fortes de grandes franjas da sociedade( traduzindo, Merkel e o Diretório Europeu) PSD, CDS e PS juntam-se todos como irmãos felizes, num coreáceo Bloco Central pró-austeridade. A extrema esquerda fica a mandar vir com todos, que é aquilo que sabem fazer bem e o Governo é capaz de chegar ao fim da legislatura, a não ser que o Marcelo Rebelo de Sousa de farte dos gajos e mande a malta ir a votos mais cedo.

  Cenário 3:( socialismo finalmente!!)

 Algo inédito acontece na Democracia Portuguesa. PS, Bloco e CDU( e porque não o PAN porra), fecham os olhos ás suas divergências históricas e unem-se num governo de maioria, patriótico e de esquerda. Muito, mas mesmo muito improvável.

 Cenário 4: ( Bélgica )

 Cavaco e Silva, o apóstolo da estabilidade, faz finca pé e não empossa nenhum governo enquanto não houver uma solução maioritária. Entretanto as negociações arrastam-se e passam-se dias, semanas, meses e governo nicles. Este só acontece se o PS não aprovar o orçamento, o que, ao que tudo indica, não vai acontecer.

Agora, é esperar para ver, como se desenrolam as coisas nos próximos dias. Porque isto, como é em Portugal ainda vai demorar.